GVHD, (da sigla em inglês “graft versus host disease”) é a doença do enxerto contra o hospedeiro, que pode ocorrer como uma complicação em pacientes que fizeram transplante de medula óssea para tratar um câncer ou uma doença auto-imune. Ocorre em transplantes alogênicos, quando o paciente recebeu a medula de um doador e não quando o paciente recebe a própria medula, chamado transplante autólogo. O exame de compatibilidade realizado entre o doador e o receptor antes do transplante indica o risco do GVHD ocorrer, quanto mais compatível for a medula menor a chance de GVHD.
Esta doença é imunológica e caracterizada pelo “ataque” das células da nova medula contra o paciente.
O GVHD pode ser agudo ou crônico, dependendo do tempo em relação ao transplante. Se ocorrer até 100 dias do transplante de medula óssea é chamado agudo, podendo ser dividido nas formas clássica ou persistente. A forma crônica costuma aparecer depois de 3 meses e pode durar a vida toda do paciente e pode afetar as mucosas, incluindo os olhos, boca, pulmão e intestino, além da pele.
GVHD ocular
Cerca de 60 a 90% doa pacientes com GVHD apresentam alterações oculares. Além de causar piora da visão o GVHD ocular é responsável por piora da qualidade de vida dos pacientes.
Sintomas
Os sintomas do GVHD ocular incluem olhos dolorosos, sensibilidade aumentada à luz (chamada de fotofobia), dificuldade de abrir os olhos pela presença de secreção mucosa ressecada, excesso de lacrimejamento, olhos muito vermelhos (chamado de episclerite), aumento da pigmentação da pele ao redor dos olhos, inflamação das pálpebras (blefarite), cicatrização anormal da conjuntiva (simbléfaro), olho seco, erosão da córnea (ceratite), inchaço da conjuntiva (edema conjuntival) e conjuntivite.
Os sintomas mais comuns são olho seco ou lacrimejamento, sensação de corpo estranho e olho vermelho e acometem até 80% dos pacientes com GVHD.
Apesar de todas as partes do olho poderem ser afetadas pelo GVHD são muito raros os problemas na retina, sendo que a superfície do olho e as glândulas lacrimais são frequentemente afetadas.
Exames especiais
O médico oftalmologista tem alguns exames especiais para determinar se o paciente tem olho seco. Entre os testes estão o uso de colírios de corante que ajudam a determinar quanto o olho está mal lubrificado (colírio de fluoresceína e rosa bengala), além de testes para medir a quantidade de lágrima que o paciente produz (teste de Schimmer).
Estes testes ajudam a determinar o melhor tratamento, além de servirem para avaliar se o tratamento está sendo eficiente.
Tratamento
O tratamento do GVHD ocular não é curativo, mas costuma melhorar a visão e a qualidade de vida do paciente. Fazem parte do tratamento desde medidas ambientais como uso de óculos protetores e de umidificadores de ar ambiente até o uso de colírios imunossupressores, passando pelos colírios lubrificantes e a colocação de plugs de ponto lacrimal.
Colírios lubrificantes ajudam a manter o olho molhado e as vezes são necessários colírios “sem conservantes” já que o conservante que impede que o frasco do colírio contamine pode irritar os olhos. No mercado brasileiro existem algumas opções que podem ser comprados na farmácia como Hyabak® ou Optive UD®, mas lubrificantes comuns muitas vezes resolvem.
Para ajudar a manter os olhos bem lubrificados costumamos utilizar plugs que são utilizados para tampam a via de drenagem da lágrima e represar a água na superfície do olho. Este tratamento é seguro, realizado no consultório sem grande desconforto e costuma melhorar muito a qualidade de vida dos pacientes com GVHD ocular.
Os colírios com corticoide tem importância para controlar a inflamação e a secura, mas devem ser utilizados com supervisão médica.
Em casos mais graves podem ser utilizadas medicações como ciclosporina, tacrolimus e soro autólogo. Lentes de contato gelatinosas e esclerais podem ser utilizadas em algumas fases do tratamento.
Óculos com proteção lateral que criam uma “câmara úmida” e protegem os olhos do ressecamento podem ajudar nos casos de difícil controle:
O médico oftalmologista deve ficar em contato com o médico hematologista, já que algumas vezes é necessário mudar a imunossupressão do paciente para manter a doença ocular sob controle.
Artigo e vídeo produzidos pela equipe da Clínica Belfort. Atualizado em 2018. Proibida reprodução parcial ou total sem autorização. Este página contém apenas informações gerais sobre doenças oculares. Este texto não substitui a avaliação por oftalmologista.