Melanoma de coroide é o câncer mais comum a acometer o olho nos adultos. Também é chamado de melanoma ocular ou melanoma uveal. A incidência anual de melanoma ocular é de aproximadamente 10 casos para cada milhão de habitantes, isso quer dizer que a cada milhão de pessoas temos 10 casos por ano. No Brasil temos aproximadamente 2 mil casos desta doença por ano.
O melanoma pode acometer diferentes partes do olho, desde a parte mais externa (pálpebra e conjuntiva), até as estruturas internas, como a iris, o corpo ciliar e a coroide. A parte do olho mais acometida pelos melanomas é a coroide, camada do olho entre a esclera e a retina, no “fundo do olho”. Esta parte do olho não é visível a olho nu, sendo necessário dilatar a pupila e examinar com equipamentos especiais para ver as doenças que afetam esta parte do olho.
Os fatores de risco para esta doença são: os pacientes de raça branca com cabelos loiros e olhos claros, idade acima dos 40 anos, presença de nevus (pintas) no fundo de olho e melanocitose óculo-dermal (nevus de Ota). Nevus são como pintas, presentes desde o nascimento e que podem sofrer transformação maligna e dar origem a um melanoma.
Acredita-se que fatores ambientais como exposição ao sol não tenham importância como fator de risco para o aparecimento do melanoma intra ocular, em oposição aos casos de melanoma de pele, nos quais a exposição ao sol é fator de risco.
O médico experiente é capaz de fazer o diagnóstico correto em 98% dos casos apenas com um bom exame de ultrassom ocular, não sendo necessária biópsia, que além de ter custo muito alto pode cegar o paciente. Esta informação é muito importante já que é o contrário do que ocorre no resto do corpo, onde uma biópsia é necessária para o diagnóstico do câncer. No olho uma biópsia do olho é necessária em apenas 2% dos casos.
Sintomas
Os sintomas que o paciente apresenta vão depender da localização do tumor dentro do olho e do seu tamanho. Se o tumor estiver perto do centro da visão, chamado de mácula, o paciente pode ter visão embaçada, mas se estiver na periferia pode crescer muito até que o paciente perceba que alguma coisa está errada. Por este motivo muitas vezes o tumor é descoberto durante um exame de rotina, quando o médico examina o fundo de olho com as pupilas dilatadas. Para o diagnóstico o mais importante é o exame por um oftalmologista experiente, e geralmente são pedidos exames complementares como ultra-som ocular. Também são pedidos exames como tomografia e ultrassom para garantir que o tumor não afetou outras partes do corpo. Geralmente não é necessário fazer exame de ressonância magnética do cérebro.
Tratamento
O primeiro objetivo no tratamento do melanoma de coroide é salvar a vida do paciente. A escolha do tratamento depende do tamanho do tumor. São possíveis dois tratamentos: Enucleação (remoção do olho) ou braquiterapia . Se o tamanho for pequeno ou médio é possível tratar com qualquer uma das três técnicas. No caso da braquiterapia, um pequeno implante radioativo é colocado do lado de fora do olho através de uma cirurgia, liberando energia responsável pela destruição das células cancerosas minimizando a radiação a órgãos saudáveis, como o outro olho, o cérebro, etc. Depois de um ou dois dias a placa de braquiterapia é retirada e o paciente retorna à vida normal. Outros tratamentos, como o uso de raio laser não são mais considerados adequados para o tratamento do melanoma do olho, podendo aumentar o risco do tumor não ser controlado, podendo colocar em risco a vida do doente.
Braquiterapia ocular
A braquiterapia evita a retirada do olho e permite a possibilidade de manter alguma visão útil no olho com o câncer. A braquiterapia é o tratamento mais indicado para casos de tumores pequenos e médios. A placa radioativa é implantada e mata as células do cancer, evitando a retirada do olho. Veja neste link todos os detalhes sobre a braquiterapia ocular.
Enucleação
Quando o tumor é muito grande a braquiterapia deixa de ser uma opção segura para tratar o paciente e somos obrigados a enuclear (remover o olho). No caso de tumores grandes (maiores de 14 milímetros), quando o olho já está doloroso ou esteticamente ruim geralmente é necessário retirar o olho (cirurgia chamada de enucleação). A remoção do olho, apesar de parecer terrível, é uma cirurgia sem dor e funciona muito bem. Com as técnicas mais modernas o resultado estético é excelente, permitindo que o paciente siga a vida sem que as pessoas ao redor percebam que o olho foi removido.
Risco de metástase
O risco de metástase pode ser diminuído com o tratamento adequado. Hoje tanto a braquiterapia ocular quanto a enucleação são considerados igualmente bons para diminuir o risco do tumor espalhar pelo corpo. Estudos científicos recentes (2014) sugerem que não existe diferença na mortalidade dos pacientes quando tratados por braquiterapia ou retirada do olho (enucleação).
Outras formas de tratamento
A cirurgia de endo resseção e o uso de laser (também chamado de TTT) são mais perigosos e podem causar piora mais rápida da visão, além de aumentar o risco do tumor espalhar pelo corpo. Desta maneira elas deixaram de ser utilizadas nos melhores centros de tratamento de melanoma ocular. Braquiterapia ou enucleação são as únicas técnicas para tratar o paciente com segurança. O mais importante é escolher uma técnica que controle o tumor de maneira adequada, impedindo que ele continue a crescer.
Cura
O tratamento moderno visa controlar o tumor e diminuir a chance do paciente apresentar metástases (desenvolvimento de melanomas em outros órgãos do corpo derivados do tumor dentro do olho). Claro que a preservação da visão e do globo ocular também são preocupações importantes, mas a vida do paciente é a prioridade número um.
O órgão mais acometido pelas metástases do melanoma de coroide é o fígado, seguido pelo pulmão. Outros exames que o médico pede garantem que não existam metástases em outras partes do corpo no momento do diagnóstico do tumor ocular.
Hoje em dia acredita-se que o tratamento com laser, seja fotocoagulação ou termoterapia trans-pupilar (TTT) não são maneiras adequadas para tratar o melanoma, como se acreditava no passado. O laser pode ser utilizado em casos específicos, mas não deve ser o único tratamento pelo risco do câncer continuar a crescer e colocar em risco a vida do paciente.
Acompanhamento
Os pacientes com melanoma ocular são acompanhados em conjunto pelo oftalmologista especializado em tumores e, se necessário, pelo médico oncologista. Sabemos que nos primeiros 5 anos após tratamento existe maior chance do paciente desenvolver metástases e o principal órgão a ser afetado é o fígado e durante este período o paciente deve ser examinado a cada seis meses.
Geralmente o acompanhamento é realizado a cada seis meses, com exame oftalmológico para garantir que o tumor esteja controlado e exames de imagem do fígado, além de exames de sangue para verificar que não existam metástases em outros órgãos.
Chance de preservar a visão
Medicamentos especiais podem ser utilizados pata diminuir a chance do paciente perder a visão como complicação da radioterapia. Isso é feito depois do tratamento de braquiterapia ocular.
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Artigo escrito pela equipe da Clínica Belfort. Atualizado em Fevereiro de 2024. Proibida reprodução parcial ou total sem autorização. Este artigo contém apenas informações gerais sobre doenças oculares e não substitui a avaliação por oftalmologista.
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